Descrição enviada pela equipe de projeto. Este é um projeto para um residência de veraneio em Karuizawa, Japão. O terreno se encontra no lado sul da estação de trem da cidade, sua fronteira norte é uma rua local e os outros lados estão limitados pelas propriedades dos vizinhos. Antes de iniciar o projeto, havia uma bonita vista do terreno vizinho a oeste, sua residência estava quase escondida por trás das árvores. Ainda não se havia construído nenhum edifício no lado oeste. Uma importante solicitação do cliente era manter os edifícios circundantes fora da vista da sua residência, tanto quanto fosse possível. Desta forma, após examinar diversas alternativas, o edifício finalizado possui uma forma de megafone, com sua abertura orientada para o sul.
Uma das razões para escolher esta forma se relaciona com a consideração da vista desde o lar, como foi mencionando anteriormente. De fato, desde o começo, havia a intenção de pesquisar uma forma de túnel com uma entrada ao norte e a abertura ao sul.
A arquitetura é um objeto imóvel, inorgânico, fixado ao solo. É diferente das matérias orgânicas, como plantas e corpos humanos, ou inclusive objetos inorgânicos que são móveis, como o mobiliário. A diferença entre eles se aproxima daquela existente entre uma imagem impressa e uma imagem ao vivo. As imagens ao vivo são voláteis, já que mudam constantemente. Queria que os meus trabalhos arquitetônicos mantivessem essa volatilidade e esta ideia me leva a considerar a arquitetura como uma quadro que emoldura a paisagem, os residentes e os móveis, como imagens ao vivo. Isto foi o que eu escrevi em um livro intitulado Arquitetura como Moldura, há seis anos.
No processo de desenvolver ideias sobre a arquitetura como moldura, fui influenciado por esculturas, pinturas e livros nas quais senti motivos similares. Um deles foi um livro de Haraki Murakami. Em seus primeiros trabalhos, as histórias se desenvolvem dentro de um mundo fechado, porém em trabalhos posteriores, ele criou vários vãos para estabelecer conexões com outros mundos. Um caso simbólico é um poço, em The Wind-Up Bird Chronicle, que funciona como um transportador, com o qual o personagem principal se move desde o mundo em que vive para outro diferente.
Neste projeto, pensamos em criar uma grande moldura - uma estrutura de túnel - que vai desde uma entrada no lado norte com uma grande cobertura até a abertura ao sul. Este túnel é como o transportador no livro de Murakami, que leva os residentes a um mundo repleto de natureza quando chegam da cidade.